O que
mais tenho por aí são dívidas.
Por
mais que me esforce, não as abato.
Aumentam,
crescem, moldam-se na proporção do meu apego.
Sendo-me
corpo e espírito não as quero, nem posso saldar.
Ficaria
despida, transparente. Des-me-mo-ri-a-da.
Sorriria,
em nome de quê? Ou de quem?
O que
digo ou escrevo nem sequer teria assento
no rol
do deve e haver do merceeiro da rua onde me fizeram.
E, mais
grave ainda, seria plagiada a torto e a direito,
com a
indicação de autor desconhecido.
Depois…
Como
amar o vermelho se é a tua boca a cor da minha vontade?
Ou os
verdes dos juncos se neles não te visse entrançada?
E o
rosto recém-nascido que amamenta a crença da minha robustez?
Ou
ainda o que aguardo no banco de madeira da minha varanda?
Não,
não posso saldar as dívidas legadas.
As
heranças são tramadas. Nunca são apenas nossas.
Apenas
exercemos os direitos de passagem.
Tomamos-lhes
a posse, desposamo-las, fazemos criação
e, aos
poucos, delas nos vamos despojando.
Por aí,
nos lugares onde as pedras são eternas.
Como as
dívidas havidas e achadas.
Famintas
memórias.
No mais
fundo de mim.
OF (Odete Ferreira) – 02-11-16
Obra de Margarita Kareva(Vou receber visitas dignas de honras de estado. Cá por casa, segue-se um protocolo rigoroso e agenda será plena de cuidados e AFETOS. É isso: o meu menino vem conhecer a casa dos avós, agora que o tempo já está primaveril.)
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Anunciei a visita. Dela não precisarei de falar. Basta partilhar este momento.
O Ivo, 3 meses, em 02-04, numa das margens do rio Tua
A conta corrente da vida é um rol de entradas e saídas. E, independente do seu saldo (que convém ser equilibrado...), o tamanho da lista varia na razão directa do valor de cada pessoa.
ResponderEliminarPor isso, se tens muitas dívidas, é porque os outros também te devem muito.
Excelente poema, como sempre, dito de forma poeticamente superior (ainda que incerta... eheheh... na data, pois claro).
Bom fim de semana, querida amiga Odete.
Beijo.
Parafraseando, deve haver (por aí) muita riqueza que não veio á luz. Mas o esplendor está chegando e tornará impagável esse presente de Estado. Me alegro com a tua (Vossa) alegria.
ResponderEliminarBeijo
SOL
Boa tarde, existem dividas de varia ordem, tudo deve de ser separado, isto é, dividas para um lado e o restante para outro, as dividas de gratidão devem de ser conservadas, as outras serem eliminadas, involuntariamente somos equilibrista da vida preenchida do que nos dá e tira.
ResponderEliminarAG
Feliz Abril,
AG
Sim, toda a Vida é uma dívida nunca paga.
ResponderEliminarDeixa-me dizer-te sinceramente que este é um dos teus mais belos poemas , na minha opinião.
Um doce beijinho de boas vindas ao teu menino nesta sua primeira visita de muitas a tua casa :) :)
Para ti , amiga, afectuoso abraço
ResponderEliminarsempre a subir a cotação na tua bolsa de valores
tens um coração grande! e sabes muito bem como nomear as cores que te visitam...
e os amores em que te perdes - esse "príncipe-infante" agora agitar sedas e cambraias em sagração de Primavera
gostei muito do poema, Odete
beijo
É bom ter dívidas - de afectos, de Amor, de gratidão...
ResponderEliminarA vida se encarrega de as saldar, à medida que o tempo passa.
E, se compararmos o débito com o crédito... acabamos por verificar que as contas andam sempre equilibradas, já que recebemos na medida em que damos...
Excelente texto poético, abordando um tema pouco vulgar.
Já estendeste a passadeira vermelha?
Príncipes não dispensam esse pormenor do protocolo :)))
De coração desejo que esta visita seja o início de muitas outras... para felicidade tua e de toda a família.
Votos de um Domingo feliz
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Muito expressivo e original, este poema tem bem patente
ResponderEliminaro teu cunho pessoal, a tua característica idiossincrasia.
Achei-o admirável.
Então, vivendo dias especiais e sublimes de amor e ternura...
Abraço grande, com um beijinho para o principezinho.
~~~~~~~~~~
Ps- Neste momento tenho, ao lado esquerdo do meu blogue,
um longo rol de dívidas... enfim! Sorrrrisssos...
O deve e o haver das memórias guardadas no coração. E nada altera a a forma ansiosa com que se aguardam os improvisos e o espanto dos afectos...
ResponderEliminarMaravilhoso poema, Odete.
Imagino como foi bom para ti receberes o teu neto na tua casa. Tudo de bom para ele...
Uma boa semana.
Um beijo, minha Amiga.
Excelente texto !
ResponderEliminarCumprimentos
Não me tinha apercebido desta postagem.
ResponderEliminarDívidas de amor e de afetos, são eternas. Morrem connosco.
Que viva com muita alegria os momentos com o netinho. Eles são a nosssa alegria.
Um abraço e uma serena e alegre semana
Maravilhoso, sobram sentimentos. Desejo dias muito felizes com teu netinho, Odete!
ResponderEliminarUm beijo, amiga!
Um poema com a ironia sútil a desenhar a tua inteligência no percurso
ResponderEliminardos questionamentos, a balança que vestida da poesia aponta para o
essencial da vida. O lugar mágico dos sentimentos que valorizam
um respirar leve, na consciência do desapego das roupagens (aparências...),
o melhor são as rendas dos carinhos no caminho do amor...
O afeto é sempre sublime, o teu netinho a desenhar
os teus sorrisos, querida Odete.
Tu sabes, como aprecio a leitura aqui, na tua excelente poesia!
Bjos.
Ficamos sempre a dever qualquer coisa nesta conta corrente da vida.
ResponderEliminarUm belo poema minha amiga.
Um abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Cheguei cedo, de novo. Mas vi a tua nota de rodapé, que não tinha reparado da primeira vez que cá estive.
ResponderEliminarTambém tenho um dos meus 2 netos cá em casa. Férias da Páscoa.
Mas já não é a primeira vez...
Bom resto de semana, amiga Odete.
Beijo.
Dividas de amor? Quem as não tem.
ResponderEliminarQuem ama cuida. Eu tenho três netos neste momento à minha roda
Kis :=}
Certo, isso mesmo, Odete. Quem não deve não tem crédito!
ResponderEliminarE você fará versos, como JG de Araujo Jorge, e aposto que a maioria, dedicados a essa criaturinha que muito lhe inspirará de agora em diante. Bem-vindo ao grupo dos avós apaixonados!
Grande beijo, amiga!
É dívida ou é dividendo
ResponderEliminarA quem estou a dever?
Nem sei quem é o meu ser.
O que faço não entendo.
No meu sentir estupendo,
Pendo a cumprir meu dever
De não dever, mas de ter
Sem estar apenas querendo.
A vida é o aqui e o agora!
Depois, quando eu for embora,
Embora não saiba quando
O cobrador joga fora
Anotações e nem chora,
Ri deste louco passando.
Grande abraço. Boa Páscoa. Cordialmente. Laerte.
Feliz domingo,
ResponderEliminarAG
Não contabilizes a vida Odete! Acredito que o equilíbrio será mais que perfeito...
ResponderEliminarOutro poema com grande valor literário e esteticamente perfeito, como se quer toda a Arte....
Beijinho e boa semana...:)
Ah...o teu menino é lindo! Imagino a felicidade que sentes...
ResponderEliminarAmiga,
ResponderEliminarSomente para registrar que eu vi agora esta foto sublime,
teu netinho é lindo!!
O Ivo é lindo, Odete. E a capacidade dele para despertar em ti tantos afectos? A foto não mente, ela tudo diz.
ResponderEliminarTudo de bom para vós, que a alegria seja uma constante da vossa vida!
Uma feliz Páscoa, Odete :)
Como está crescido o Ivo!
ResponderEliminarE lindo!
Que tenha uma vida abençoada.
~~~ Beijinhos ~~~