Também
moro nos olhos das paredes
de
musgo a adormecer as pálpebras,
sonos
profundos como nas histórias de encantar,
onde os
finais desenham sorrisos felizes.
Os
suspiros, meros sopros de primavera,
bebi-os
na liberdade das fontes
e na
igualdade das sedes.
Mas há
olhos nas paredes
que
sofrem invernos de gelos,
pedras
de ódio no arremesso da raiva
e o
musgo, que seria cama de nascimentos,
vai na
enxurrada das tempestades.
Também
há dias bonitos nos olhos das paredes
e luas
a escreverem poemas líricos e idílicos
quando
o amor é apenas amor.
Por
isso, os olhos das paredes se atalaiam
no
impedimento de vagas de cimento.
É
preciso deixar abertos os olhos das paredes.
Onde
moram olhos. Para lá dos meus.
OF (Odete Ferreira) – 16-11-16
Arte de Tal Peleg
Que lindo........ Beijinho e desejo-lhe um bom fim de semana!
ResponderEliminarIntenso e muito belo.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana
Minhas paredes... Nossas paredes... são nossas cúmplices e testemunhas...
ResponderEliminarAbraço.
As paredes e a intimidade
ResponderEliminarSão visão e sentido da vida.
Os silêncios e cumplicidade
São guardados no Altar dessa Ermida.
Beijo
SOL
PS: Têm havido problemas de linkagem. O redireccionamento ia-me remetendo para uma postagem fixa, como sendo a pág inicial.
A Google não tem ajudado.
Bonito, sim senhora!
ResponderEliminarKis :=}
BFSEMANA
Odete, velha amiga não te conhecia com o teu verdadeiro "eu". Percebes?
EliminarÉ através de um linque que aqui chego. Pois que eu tbm andei perdida...A gozar a vida não quer dizer que agora não a goze.
É diz-me que é feito da outra nossa amiga?
Nunca mais me cruzei com ela nem pelo outro meio que me deste, sabes quem?
Kis :=}
De olhos fechados também se vê
ResponderEliminarmas para lutar é bom tê-los abertos
Bjs
Paredes já não são mais barreiras. Muito bonito, poema elegante e intenso!
ResponderEliminarBeijo, querida, uma ótimo fds.
Odete,
ResponderEliminaradmirável talento o teu para poderes dizer num simples poema (embora belíssimo) o que milhares de palavras e enormes resmas de livros têm escrito, sem êxito assinalável.
ou seja, a alienação da sociedade moderna, encharcada de imagens e signos que nos "aprisionam" e a urgência em derrubar os muros (de cimento) da cegueira colectiva - vendo para além de nosso olhos!
tiro meu chapéu (que não uso rss)
beijo
Se o nosso amigo Manuel Veiga ( também com uma admirável poesia) me permite , faço meu o seu comentário.
ResponderEliminarAbraço para ti e para ele :)
O amigo Manuel Veiga pôs de uma for admirável em palavras o que eu penso do poema e eu não seria capaz de me exprimir com tamanha sabedoria.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Boa tarde, depois de ler o belo poema, não tenho duvidas que, "Também há dias bonitos nos olhos das paredes".
ResponderEliminarAG
Belo poema...Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
A tua poética tem estampada o teu gosto pela linguística , querida amiga !
ResponderEliminarAs palavras e seu subterfúgios são brinquedos no teu imaginário . E desenrolas as conotações num desfile pleno de sensibilidade e oportunidade .
Agora , tantas paredes , outros tantos olhos e tantas leituras !
Beijinho 😘
A imagética deste teu poema vai muito mais além dos olhas nas paredes. O poema derruba as paredes e desafia as palavras a desenharem, mesmo que lentamente, o protesto pelos "que sofrem invernos de gelos, pedras de ódio no arremesso da raiva". Pelas tuas paredes corre o brilho aguado do olhar...
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Amiga, quando eu penso que os poetas já não me podem surpreender mais, fico deslumbrada com esta imensa e inteligente metáfora que compara o verdadeiro e real eu poético, despido de qualquer condicionamento, à observação de olhos nas paredes...
ResponderEliminarOlhos que nunca enganam e são o consciente ético... admirável imagética!
Foi uma ideia genial, que fez este poema único e inesquecível.
Parabéns, Poeta.
Beijinhos.
~~~~~~
Fenomenal! Uma palavra que cabe perfeitamente, beijos
ResponderEliminarDo mesmo modo que têm ouvidos... têm olhos também, as paredes.
ResponderEliminarQue vêem para além do que é visível a olho nu...
E te inspirarem neste excelente poema.
Tu tens um enorme dom para "brincar" com as palavras, dominá-las, levá-las para o ponto exacto que desejas.
O resultado está à vista - um poema diferente, único, que não nega a origem - uma poetisa de grande porte!!!
Re: Eu também gosto muito de chapéus, e muitas vezes digo para a minha filha que tenho pena que não se use como antigamente, quando eu era criança, em que uma senhora não ia à rua sem chapéu...
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Minha gratidão pelas palavras de carinho no meu blog e por sua honrosa visita. Encantado com sua pachorra em buscar saber desta terra que tomei por ama-seca e que é maravilhosa a despeito da minha suspeição, por tanto amá-la, ao afirmar isso, mas é uma Ilha singular, tanto do ponto de vista da geografia física quanto humana. Foi colonizada por portugueses, com um acréscimo populacional de mais portugueses açorianos e miscigenada por uma grande colônia grega, depois germânicos e italianos chegaram - mix perfeito para a alegria, misticismo, austeridade, cordialidade de um povo que pouco a pouco vai sendo agregado, por outras gentes a descaracterizar o genuíno vinho, que ainda é bom. À distância, eu ergo a você a taça, num brinde suposto por comungar com a beleza dela comigo no dia do aniversário da Ilha. Saúde, Odete Ferreira / Neste dia de homenagem / À Ilha e à sua imagem / De estrela verdadeira. / Portuguesa ou brasileira / Esta Ilha tem à margem / Por divina molecagem / Ser a décima ou a primeira / Do Arquipélago Açoriano /
ResponderEliminarSe distante, é por engano / Da suposta geografia / Que o Criador Soberano / Quis dar um ar mais humano / Ao sul do mundo, e a envia. Laerte. Grande abraço. Parabéns por sua postagem linda. Gosto muito de seus poemas: Se as paredes têm ouvidos / Por que não olhos também? No seu poema, olhos têm / Além de outros sentidos... Minha gratidão! Tudo de bom! Cordialmente. Laerte.
Odete , seu poema deixou a todos embevecidos .
ResponderEliminarMuito obrigada .
Beijos
Que esses olhos, vislumbrem sempre novos horizontes...
ResponderEliminarMuito belo Odete.
Beijinho.
Odete,
ResponderEliminarTens um mundo que fala contigo, que te afaga, mesmo quando esboça descontentamento.
Gosto sempre, tu sabes.
Um beijinho :)
Olá, Odete
ResponderEliminarDe todas as implicações de que este teu poema está imbuído, preferi vê-lo num âmbito mais intimista, no recesso em que a nossa vida decorre deixando impressas nas paredes partes de nós. As paredes falam, têm olhos, têm ouvidos, observam o correr dos nossos dias, das horas, dos minutos e vão registando os gostos, a harmonia, a tristeza, os amores, tudo o que faz e refaz os nossos passos. E têm histórias para contar. E têm lágrimas para chorar. E é na sua companhia que almejamos viver os momentos últimos.
Minha querida amiga, adoro a tua escrita!
Beijinhos
Olinda
Eita, amiga, tu és puro talento!...rss
ResponderEliminarUm olhar especial o teu, sensibilidade a captar o mundo,
a beleza, a arte e a vida que pulsa em ti e na própria
vida (os outros...).
Adorei a simbologia da "paredes", como espaço delimitado
do eu e o do outro... A ligação do olhar na comunhão
que se faz o todo...
Bravo!!
Bjos.
PS: Fiquei um tempo encantador aqui no teu espaço, respirando
arte!... Grata, viu?...rss