Sei do
tempo pelos rebentos das pedras virgens
e pelos
recortes do sol na geometria das traseiras,
redesenhando
os canteiros fecundados
em
outro tempo de que nada sei.
O que
em mim é mistério
revela-se
nas coisas simples
e no
mundo que invento
pelo
olhar de dentro.
Verde, tão
verde, é então a cor das palavras.
E o rio,
que me lava a alma, toma a cor dos meus olhos.
Silencia-me
o canto da terra a subir o tom,
rasga-me
o ventre o fruto a fazer-se,
chora-me
o orvalho na pétala de cada evocação,
quando
este tempo se declara em exuberante paixão.
É
estreito o gesto de abrir a janela
e trôpego
o passo estremunhado.
Batem
asas os pássaros dormidos nos cepos,
que
foram árvores encorpadas e desmesuradas
no
orgulho de tocarem o céu. Que hoje esverdeou.
Sei do
tempo pelo povoamento do pátio das traseiras.
E pelo desordenamento
que traz a primavera.
OF
(Odete Ferreira) - 22-03-17
Obra de Vladimir Kush
Um poema lindíssimo, Odete. Quem me dera saber do tempo assim.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Sabes do tempo e da arte de poetar...
ResponderEliminarExcelente poema, gostei imenso.
Amiga Odete, tem um bom fim de semana.
Beijo.
Que maravilha, Odete, pareces ter encontrado o equilíbrio natural das coisas!
ResponderEliminarÉ sempre tão bom ler-te!
Um beijinho :)
Que belo, Odete, tudo se encaixa. A obra de Vladimir é fantástica, também!
ResponderEliminarO que em mim é mistério
revela-se nas coisas simples
e no mundo que invento
pelo olhar de dentro.
Beijo, querida, amiga, um ótimo fds.
Gostei.....muito.
ResponderEliminarsabes do tempo, sim, Odete
ResponderEliminarpelo mistério das coisas simples
e pelos relógios de sol, que habitam a tua alma de Poeta
belíssimo
beijo, minha amiga
Como é bom saber assim do tempo, um belíssimo poema minha amiga muito bem ilustrado pela obra de Vladimir Kush.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Maravilhoso cântico à vida que o Tempo faz e desfaz... Os pequenos rituais não nos deixam esquecer e os dias e as coisas correm-nos na alma em sobressalto...
ResponderEliminarMuito belo, Odete!
Um bom fim de semana.
Um beijo.
A complexidade do simples
ResponderEliminarExcelente
Bj
Um modo magnificamente elegante de saudar a primavera
ResponderEliminarque embora tímida e trémula, cumpre o destino infalível
da renovação.
Amiga, dias verdes de esperança e contentamento.
Abraço grande.
~~~~~~~~~~~~~~~~~
Boa tarde, a cor das palavras criam o lindo poema, a primavera tarda em fazer-se sentir, de qual quer modo, é bela como o seu poema.
ResponderEliminarAG
"Sei do tempo pelos rebentos das pedras virgens". amei... lindo
ResponderEliminarE tu sabes , querida Odete , do tempo da colheita das palavras quando elas te pedem para teres tempo de as desenrolar em cascata poética onde a primavera se senta ! Soberbo , amiga , soberbo !
ResponderEliminarAssim o sorriso também pede tempo para saborear antes da partida !👏👏
Odete,
ResponderEliminarEu meio que me inspirei no teu excelente poema e cometi este duvidoso soneto.
Eu e o tempo
Não sei do tempo, este pra mim não se revela
Porquanto ele, arrogante, sempre me ignora
E os recortes de sol que vejo na janela
Não serão marcações que definem a hora?
Portanto sequer tenho um mundo, nem o invento
Pois tudo para mim revela-se um mistério
Duro como pedra, ou levado com o vento
De modo a não mover o tempo de seu império.
Com o tempo não tenho alguma intimidade
Apenas ele manda, e humilde, obedeço
Embora o universo lhe deva lealdade
Porquanto nossa existência pague seu preço.
Muito mais! O tempo é construtor de saudade!
Mas etéreo, ninguém sabe seu endereço.
Gostei de reler o teu excelente poema.
ResponderEliminarBom resto de semana, amiga Odete.
Beijo.
Cara Odete
ResponderEliminarEmbalada na beleza do teu poema que nos desvenda segredos de que se reveste a natureza em tempo de renovação, lembrei-me do meu pai quando olhava para o céu, perscrutando galáxias/constelações, procurando adivinhar se elas prenunciavam boas águas: A estrada de Santiago (Via Láctea) está gorda, bom sinal, ou, o círculo vermelho à volta da lua não traz nada de bom ou, há pássaros em revoada, vai levantar vento e a chuva vai cair no mar... Na maior parte das vezes acertava. Olhos que sabiam ler o que a natureza nos escondia. Sensibilidade e comunhão.
Beijinhos
Olinda
Boas vindas á Primavera que tarda em afirmar a sua personalidade.
ResponderEliminarPoema delicioso e belo.
Parabéns, Odete.
Beijo
SOL
Amiga,
ResponderEliminarvoltarei com tempo para comentar os dois poemas que já li e
adorei!
Beijinhos.
Poema simplesmente encantador, Odete!
ResponderEliminarBeijão pra você e para o netinho!
essa é uma condução meio quadrimensional, perfurando a malha espaço-tempo e encontrando uma nova mecânica na poesia, namastê!
ResponderEliminarQue bom, chegar aqui e deixar-me envolver com a frescura e os aromas das tuas palavras...
ResponderEliminarGostei de saber do tempo que tu sabes...
Beijinho afectuoso
Belíssimo!!
ResponderEliminarTu sabes dos tempos interiores que ficam na tua alma,
a espelhar nos teus olhos, a Poesia viva e surpreendente...
Eu de cá com os meus olhos agradeço mergulhar neste
encanto de poema!
Beijinho.