quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Tempo que fica



Passeio os dias pela macieza do afeto,
num apetite voraz de sabor
a tempo que fica.
Como comensal na mesa de iguarias irrepetíveis.
Humanos risos, humanas mãos
que se tocam no burburinho dos talheres.
Que conversam. Entre-os-dentes.
Demorando-se na boca, na degustação das palavras.
Estaladiças, fogosas, vermelhas de paixão.
Num desnudamento vestido de cores.
De frutos. De mim. E de céu.
Que se compraz no desenho de olhos
em dedos ávidos de fugas.
Para dentro das raízes que somos.
Que se veem. Nas têmporas já maduras.
E nas histórias cheias de enredos.

(Odete Costa Ferreira) - 24-08-17
Obra de Josefa de Óbidos
(Passarei a incluir o apelido Costa nas minhas publicações)

19 comentários:

  1. Linda mesa, linda obra de arte ou bela natureza morta? Eis o Natal bem vivo como recordação que na Europa neva e aqui é no verão, mas em todos os corações cristãos, é Natal apenas, de mesa farta e de festas. O quadro diz tudo, mas o poema o engalana? Não! O quadro complementa as maravilhosas palavras poéticas. Parabéns Odete pela bela postagem! Obrigado pela partilha. Abraço fraterno. Laerte.

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  2. Um momento de reflexão intimista, de ternura e paixão! Poema significante!
    Abraço.

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  3. Os afetos são o cimento da vida.
    E que bem cantados aqui foram neste excelente poema.
    Gostei imenso.
    Continuação de boa semana, amiga Odete.
    Beijo.

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  4. Um tempo melhor, que passa, que fica...
    Aplaudo o teu belíssimo poema que sabe a hino de felicidade.
    Carinhos e ternuras sintonizadas numa paixão em idade madura,
    é puro enlevo e deleite.
    E maravilha é o que escreveste, prezada Amiga.
    Continuação de um fim de veráo muito especial.
    ~~~ Grande abraço ~~~

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  5. Se houver alguma coisa para ficar na nossa memória, e na memória daqueles que amamos são os afetos, os sentimentos regados diariamente de carinho, de reconhecimento, de solidariedade e de amor. Poema forte e de linda expressão, como sempre, Odete!
    Beijo, querida, um ótimo fim de semana que está chegando.

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  6. Bom dia, o melhor meio de comunicação são com afetos, na minha opinião, este contribuem enormemente para o bem estar e uma maior aproximação.
    Feliz fim de semana,
    AG

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  7. Os enredos da memória tão cheia de afectos. Uma realidade que perpetua os sonhos. As mãos sempre suspensas de um aceno...
    Magnífico o teu poema, Odete!
    Um beijo.

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  8. OI ODETE!
    SÓ O QUE PERMANECE VIVO EM NOSSA MEMÓRIA SÃO OS SENTIMENTOS VERDADEIROS E O AFETO QUE CONTAGIA, COMO TEU TEXTO, ENCANTADOR AMIGA.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  9. Que tem afectos é uma pessoa com riqueza.

    Beijinhos e sonhos bons, amiga

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  10. Querida Odete

    Fiquei presa nestes versos:"Que conversam.Entre-os-dentes./Demorando-se na boca, na degustação das palavras.", distanciando-se do seu contrário "entre-dentes". :) Aliás, todo o poema é um hino, como bem disse um dos comentadores, um hino ao convívio, aos afectos, à família, aos amigos. À volta de uma mesa acontecem coisas belas. Aqui também se trata de um outro alimento, que se baseia no amor e na amizade.

    Adorei, minha querida. Tens o talento de saber dizer as coisas de uma forma sublime e de as escrever.

    Beijinhos.

    Olinda

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  11. Odete, os afetos nos fazem bem viver . Lindas palavras recheadas da delicadeza que lhe é peculiar , Agradeço sempre a generosa partilha . Beijos

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  12. Olá amiga!
    Minha visita hoje é para lhe trazer um pouco de carinho, deixar meu abraço, me desculpando por não comentar sua maravilhosa postagem. Hoje o reumatismo atacou minha coluna, estou péssima para escrever. Vou seguindo a vida, um dia sorrindo outro dia mais tensa, o importante é estar viva.
    Lhe desejo um fim de semana de muita paz, saúde e felicidade. Deixo esse pensamento do Padre Fábio de Melo,
    “A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.
    Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes...”
    Abraços, permanece com Deus.

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  13. Por vezes, quantas vezes, mesa cheia , palavras fartas, sorrisos na espuma das sobremesas, e longe, muito longe, a música dos talheres é o ritmo que vai marcando o compasso do tempo.
    Como sempre, Odete, belíssimo!
    Um abraço!

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  14. Poema lindo, amiga!!

    A palavra a expressar na (tua) melodia poética,
    as raízes do Ser no melhor tempo, espelhado
    nos afetos.
    Bjos.

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  15. Acima de tudo, um hino à vida. É tudo o que precisamos.

    Um abraço, amiga transportadora de energias positivas.

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  16. "Nas têmporas já maduras" escrito está um poemas maior. Os afectos vermelhos de romã fazem-se presentes à mesa dos dias felizes.
    Parabéns.
    Bj.

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  17. E do tempo que nos fica... que seja ele preenchido com os afectos... que são o sabor da vida...
    Mais um trabalho excepcional, que adorei apreciar, por aqui...
    Beijinho
    Ana

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