sábado, 12 de junho de 2010

IV – 09-06 – Ilha de S. Miguel – Ponta Delgada

Marginal: espaço de détente, bem espaçado, onde o tráfego flui sem pressa, tal como as pessoas, nos largos passeios cuidados pela mão do homem. Aqui e além, algum mobiliário urbano, estritamente indispensável, minimalista, privilegiando muretes, evocando a democraticidade que este tipo de espaços permite.Todos somos iguais na contemplação de um mar calmo, sem praia; a piscina, quase natural, permite aos banhistas mais afoitos um mergulho rápido; ainda escasseia a temperatura que nos faz atirar de cabeça, antecipando um prazer de refrescamento e descontracção corporal.
Água: elemento vital, de vida...Uma marina, sem aparência sumptuosa, passa quase despercebida – a imensidão do mar, colando-se no horizonte ao céu acinzentado, não tem qualquer importância a olhos em que o essencial é captar momentos, não as coisas.
Percorro bem devagar este horizonte. Fixo a arquitectura de algumas casas e igrejas. A sua cor, os varandins, por onde certamente uma donzela terá descido ao encontro do amado.Alguma modernidade, devidamente respeitadora de características identitárias da cidade, da ilha; espaços sociais sóbrios mas ricos porque neles moram pessoas simples, provavelmente resignadas pelo próprio tempo que corre ainda mais devagar.
Sorrio a tudo. Afinal, sou uma privilegiada! Estive, senti, prestei atenção e registo. Depois, há sempre algo que é só nosso, que guardaremos cá dentro...
Mais logo partirei, regressando ao espaço que deixei descansar da minha agitação, por uns escassos 4 dias.

Terá sentido a minha falta? Penso que não. No entanto, sei que me dará as boas-vindas com um leve ranger do soalho e o ruído seco do teclado do meu pc...

Até um dia, Ponta Delgada!

2 comentários:

  1. Irene Costa12 junho, 2010

    Adorei!!! Sobretudo o final :)

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  2. Registo que as tuas palavras valem por mil imagens...

    "Eu ainda acho que os dias são muito curtos para todos os pensamentos que quero pensar, todas as caminhadas que quero fazer, todos os livros que quero ler e todos os amigos que quero ver." (John Burroughs)

    ...e então não dizes nada sobre o aglomerado de pessoas importantes que, sozinhas, não podem fazer nada, mas que, juntas, decidem que muito pouco ou nada pode ser feito?

    (vá, é a brincar, ou talvez não...)

    ;)

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