sábado, 10 de setembro de 2011

Mãos

 Olho, com espanto,
as minhas mãos.
Reparo nelas…
Pouso-as
separando, delicadamente,
cada um dos dedos…
Como se escancarasse
a porta da rua
ao amigo.

Observo-as…
Acaricio cada dedo.
Não pela pela sua beleza
antes pela sua dureza.
Acompanham-me…
Como são imprescindíveis!
Mas não dei valor…
Acordo de um torpor,
perfeitamente inadmissível.

Via nelas a imperfeição…
A pele irregular,
que oleosos cremes
não podem disfarçar.

Hoje, deslumbro-me
E só vejo perfeição.
Executam os gestos,
que dita o coração.

Com as mãos acaricio
os rostos e as coisas.
Com as mãos partilho,
todo o meu mundo.
São esperança…
São herança
que deixo ao filho.

OF 21-03-2010 

(A foto, enviada pelo amigo oops!!!, que ilustra este poema - não incluído no meu "Em Suspenso" - é mais uma singela homenagem a todos os que delas necessitam para comunicar, através da sua língua gestual; por pressão dessa comunidade e bem, deixou de se dizer linguagem, passando a ter o estatuto de língua.)

4 comentários:

  1. Amo este teu poema, bem sabes...e amo algo mais.:)
    beijinhos, querida.

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  2. Sei...
    E eu cada vez gosto mais dele, através de outros/as que me foram dando conta do que nele viam.
    Bjos e um bom domingo, Nina :)
    (Espero que esteja bom tempo por aí.)

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  3. Mas que belo opus ensemble...

    ;)

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  4. Muito oportuno o teu comentário, refiro-me ao uso do "opus ensemble"...
    Sim, belo, oops!!!
    :)

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