quinta-feira, 24 de maio de 2012

A algia da nostalgia


 Nostalgia
algia na metade do termo
e na outra -nos de nós.

Na formação da palavra,
há a dor do momento.
Frequente
enfermidade
numa eternidade
do presente.
Torna-se ausente
num passado recente.

Em diálogo travado,
em encontros idos,
a senhora alegria
ria, ria
da outra senhora,
sombria,
aperaltada em trajes
soturnos, escuros…

A senhora alegria
em cores de fantasia,
(pouco a pouco descoloridas)
num tempo que corria,
sobrevoava espaços
cada vez mais apertados
numa alma ainda sadia…

Agora é a outra
que sorri…
Não se sente vingada.
Continua, como sempre
- ZANGADA!

OF 30-11-11
http://www.worldartfriends.com/pt/users/odete-ferreira
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/algia-da-nostalgia 

10 comentários:

  1. Que a Senhora Alegria volte a sorrir, sorrir da Senhora Sombria! Que encontre espaços abertos e tenha paz! Bom restinho de semana!! Beijus,

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    1. Luma Rosa: claro que assim acontecerá! Quem escreve tem os seus estados de alma, por vezes apertadinhos, outras rasgados em horizontes infinitos..

      Obg...Tudo de bom! Bjooss :)

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  2. Verdade!
    Mas acredito que um dia a senhora alegria a destronará outra vez.
    Ciclos! Uns mais dolorosos do que outros...ou deverei dizer ZANGADOS?
    bjo, querida
    (sabes como me tocou este poema)
    Nina

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    1. Ciclos, dizes bem, Nina. E toda a semântica que envolve uma "algia" cabe perfeitamente (dor, zanga, revolta...) Semas, apenas.

      Tocar-te-á, como a tod@s nós em qualquer altura!

      Bjo, pikena :)

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  3. Há nostalgias (des)agradáveis...
    E há as que te dão para brincar com as palavras.
    Gostei muito do teu poema. Magífico.
    Odete, querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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    1. Verdade, Nilson.
      Um certo humor cabe bem em qualquer situação.
      Obg por teres gostado.

      Quase em final de semana. Assim, só posso desejar-te uma boa semana :)
      Bjo, meu amigo

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  4. verso a verso
    algia a algia
    um traço de eternidade
    A nostalgia

    Um sublinhado aos primeiros versos do poema que introduzem a discorrencia, em humor, que se segue

    Bjo.

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    1. E de que maneira, Filipe...Eterna, como o tempo!
      Também já sabes, pelo que me lês, que (me)acontece fazer algum humor, mesmo na "dor", com naturalidade.
      Que melhor sarcasmo que aquele que fazemos de nós próprios?

      Grata pela tua presença, poeta.

      Bjo :)

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  5. Bom humor...e contrapontando,a alegria e a tristeza..a presença e a ausença,a saude e a doença..que de algia em algia..também existe a alegria..ainda que esmorecida..é a que nos leva a olhar o presente..ou presença de espirito!!
    Gostei muito doce EU...um abraço grande

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    1. Querida Inês: que sei eu? Umas vezes uma tonta, outra uma dona séria, outra...Enfim, um misto de aromas poéticos (curioso, hoje com os meus alunos, tentei que apreendessem esta expressão...), talvez!

      Gosto que me visites, sinal de que te apetece vir e que há um ânimo que te empurra docemente!

      Bjo, linda Inês :)

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