terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sabores locais de ambientes impressivos - I


Bocejo. Adio. Os dedos que escrevem não se regem pelo ciclo do tempo. Mas a mente, embora desse facto consciente, também lhe faz parceria. Preguiçosa em ordenar, em estruturar-se para o registo escrito do tempo preciso em que voei para outro sol, outro mar…
Habituei-me a deixar uns respingos de momentos, de sentires, de lugares outros marcados na agenda como férias. Antecipámo-las com os preparativos e preparámo-nos para nos surpreender, para multiplicar o efeito de evasão em sonhos discorridos ao acaso como rabiscos deixados na areia molhada de tantos beijos de mar.

Gran Canaria, praia do inglês, hotel Beverly Park foi o destino, espaço muito aprazível, do qual captei, em imagens, a versão poética. Independentemente do local, é relevante percecionar a peculiaridade do sentir de alma. Registar o externo ajudará a recriar a história dos nossos momentos.
Retomo este relato, hoje, 16 de agosto – iniciei-o no avião, dia 14 – numa esplanada da cidade onde se misturam os linguajares. É dia de feira e o mês de excelência dos emigrantes que não resistem a proferir algumas frases em francês. Sorrio, não de desdém, antes pela particularidade do “accent” que os identifica ainda que só falem em português.
 Recentro-me ou tento concentrar-me…
 
Expectante, aprisiono as primeiras imagens da ilha ainda no aeroporto: espaços largos, flora que me evoca o tropical. Não quero perder nada, bastou o facto de quase perder o avião; fui a última a entrar só porque, efetuada uma rápida comprita, não dava com a porta de embarque, apesar da minha boa competência leitora e funcional (bem, houve outra aventura, alheia à minha pessoa, mas há que avançar na narrativa…).
Do aeroporto ao destino, o contraste entre a aridez das montanhas e os espaços mais verdes, cuidados, nas localidades foi a imagem de marca. Os catos apaixonaram-me: enormes, diversificados e de formas atrevidas. As fotos que tirei são bem elucidativas, embora neste relato só seja possível uma pálida amostra, no seguimento do mesmo.
Ainda bailando no meu olhar, relevo a simpatia das gentes, o respeito e o hábito (que não encontrei em Tenerife e Maiorca),do cantante cumprimento “olá”, dirigido a qualquer pessoa, sobretudo no elevador, ganhando respeitável estatuto entre todos, independentemente da  nacionalidade.


 Odete Ferreira (continua)
Fotos: Odete Ferreira - a chegada e uma amostra dos espaços exteriores do hotel.

6 comentários:

  1. Que belas imagens Odete... que maravilhosa viagem interior...Meu filhote que alçou mais um voo ontem deixou de despedida esse trecho de Amyr Klink:
    "Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens,
    livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.
    Ilustra bem o que aqui acabei de ler tb!
    Beijuuss e desfrute

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    1. Obg, amiga RÊ, pela bela partilha deixada no comentário. Assim penso também. Lamento profundamente quem não tem algum poder económico para poder viajar "mesmo", assim como me lamento por ter lutado por alguns bens materiais em detrimento de viagens. Nem todas as mentalidades
      /culturas assim pensam. Por exemplo, é mais comum os países nórdicos europeus preferirem viajar a ter um carro novo a cada 5/10 anos; o mesmo acontece com as casas. Estive na Dinamarca no âmbito de um projeto educativo e pude constatar o seu velhíssimo parque automóvel e as casas simples, embora confortáveis... Vou tentar ser muito mais "aluna" :)
      Bjos de carinho

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  2. Tive o privilégio de ouvir da tua boca as primeiras linhas.
    Já te disse que a tua prosa é toda ela poética?
    Quanto ao que aqui relatas, também eu gostaria de ter podido fazer-me a este mar e a este sol. Sortuda!:))
    beijinhos, querida
    (as fotos são uma delícia, mas também já as conhecia:))

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  3. Sorrio (-te).

    Obg por gostares. Sortuda, hum, cada um o é (ou poderá ser) em outros momentos, outras circunstâncias ou locais, menina (eu é que já sou uma senhora, já tenho direito! )

    Bjos, princesa :)

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  4. Aquela última foto está bem engraçada! De ti para ti - como as palavras.
    Tenho a sorte de, também, colher as tuas impressões sobre as últimas férias. Se te abraçaste ao mar, já foram maravilhosas (digo eu).
    Ficam-te mesmo bem os chapéus.
    Bjuzz querida amiga.

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  5. Só hoje vi o comentário, Teresa. Engraçado, tenho um poema com um título idêntico ao que escreves, até acho que o tenho publicado no blogue.
    Foram muito aprazíveis e apreciei os momentos...
    Essa foto(tenho outras)foi tirada captando o que se refletia numa espécie de plataforma (tipo elevador em forma cilíndrica) que havia no hotel.

    Obg. Gosto de usar chapéus :)

    Bjuzz, querida amiga :)

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