quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Para ser sincera ignoro a verdade



Para ser sincera,
queria escrever-te um poema
das ausências forçadas
das falhas imprevistas
da luz artificial
em dias de temporal
dos afagos que guardas
para noites de sonho…

Mas a verdade é que não tenho direito
ao meu presente sentir. Imperfeito,
observando a vida que me sobrevoa,
sentindo a espuma do banho de mar
      (bolas de sabão
      que se imiscuem
      na brincadeira de crianças
      em quente dia de verão).

Mas talvez não seja mal nenhum
ignorar-me nesta interdição
e sim fazer-te o poema
que trago sempre à mão,
guardado no olhar velado
do doce salgado
que me escorre pela face,
algaliada na solidão,
ancorado no porto revolto
da maré que manejo a gosto.

Sim, sou pró contradição…
Mas amo-te…Por maldição
do feitiço virulento
de que padeço.
Alma catavento,
ignora as brisas suaves,
esquece o sabor do beijo,
despe a pele do desejo…
                         
Ah! Não!
Se deixasse de sentir
deixaria de sorrir…

OF       13- 02-13
Foto –  Autor desconhecido

19 comentários:

  1. Voltarei...com tempo, para ler tudinho, princesa.
    bjo

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  2. Há neste poema uma autenticidade e uma emoção que cativa e detem

    Demorei-me em especial nos seguintes trechos

    "Para ser sincera,
    queria escrever-te um poema
    das ausências forçadas
    das falhas imprevistas
    da luz artificial
    em dias de temporal
    dos afagos que guardas
    para noites de sonho…"

    Uma introdução, que diria quase conclusiva, onde o poema se anuncia nu

    Talvez porque toda a forçada ausência seja imprevista
    Talvez porque, em consequência, a luz que remanesce seja artificial
    Talvez porque o poema se desenvolve nos opostos: o temporal e o sonho

    E, se assim é, como parece ser, percebe-se que o sentir seja imperfeito (nunca há plenitude numa ausência)
    e de tal forma assim se o sente que levado ao limite
    se anuncia quase ousadia ("a verdade é que não tenho o direito")

    Mas até neste verso se recoloca a questão - o que é a verdade então?

    E, sem sair da controvérsia, o poema desenvolve-se, oscilando

    "Mas talvez não seja mal nenhum
    ignorar-me nesta interdição
    e sim fazer-te o poema
    que trago sempre à mão"

    e confessa-se

    "Sim, sou pró contradição…
    Mas amo-te…Por maldição"


    Gostei muito da viagem que o poema me permitiu fazer
    Ainda que, na questão essencial, retorne ao seu título:

    Para ser sincero ninguém conhece a verdade.


    Bjo. amigo

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    1. Do poema que escrevi, gosto, amo-o...
      Da análise que fizeste, permitiu-me ainda amá-lo mais...

      Bjo, querido amigo :)

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  3. Minha amiga,

    Magistral este teu poema, não vou nem aprofundar a excelência da escrita,

    mas a emoção que escorre por todo o poema...

    Fui inundada pela emoção a cada bela metáfora e confesso que levei

    este precioso poema ecoando em mim...

    Beijinhos.

    Ps: Quero agradecer a tua presença sempre no meu espaço e ontem

    teve um significado maior. Sabes que a sintonia e o afeto que sinto por ti,

    é de alma e este sentir é profundo e cheio de certezas...

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    1. Sempre grata pela tua análise, pela presença e...por tudo!

      Há blogues que nunca deixarei de visitar; por vezes acontece haver outras prioridades temporais. Mas retomo, mal passem...

      (Nada a agradecer, querida Suzete...)

      BJOS :)

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  4. Minha querida

    Fico em silêncio apenas sentindo com a alma este sublime poema.


    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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    1. É a atitude que me toma, frequentemente, ao ler-te...

      Grata, querida Rosa


      BJO :)

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  5. Como adoras saltar interdições (é o que sinto, ainda que isso dependa da grandeza de cada uma das interdições que se atravessam no teu caminho), nunca deixas o poema por fazer nem outra coisa qualquer. A tua determinação salta para as palavras, para o poema, e és genial.
    Odete, minha querida amiga, tem um bom domingo e uma boa semana.
    Beijo.

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    1. É isso mesmo, amigo Nilson; ainda que, muitas vezes, as "interdições" sejam bem reais e não possa mesmo saltá-las, resta o meu eu pensante, pulsante...

      Todos temos algo de genial quando há uma força indomável, assim penso.

      Obg, meu amigo.

      BJO :)

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  6. O imperfeito presente... porque tudo se sente, mas onde se constrói...o passado perfeito! Apetece-me ficar...!

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    1. E ficaste...Leste e sentiste. Fico encantada...

      BJO; amigo Rui :)

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  7. Oi, Odete!!
    Apesar do tema, seu poema trouxe-me leveza e muito bom humor!
    "Sim, sou pró contradição…
    Mas amo-te… Por maldição"
    O amor por si é pura contradição!!
    Boa semana!!
    Beijus,

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    1. Sorri, Luma. A leveza é um sentimento tão bom!

      Grata, amiga.

      BJO :)

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  8. Olá!!!, Deus te abençoe, amiga poema encantador, o seu blog é maravilhoso continue assim, S-U-C-E-S-S-O
    Já estou te seguindo, aguardo a retribuição.
    Canal de youtube: http://www.youtube.com/NekitaReis
    Fanpage: https://www.facebook.com/pages/Batom-Vermelho/490453494347852?ref=ts&fref=ts
    Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br

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    1. Obg, pela presença. Acho que já tentei ir ao blogue mas voltarei, Nequéren...

      Bjo :)

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  9. O teu poema é dinâmico, controverso
    uma ultrapassagem no verso
    uma superação!

    Realmente fica no pensamento.

    Bjuzz, querida Odete.

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    1. Controverso...Que poema não o será, querida Teresa, pelo menos nas interpretações?

      Gostei que te ficasse por aí a bailar. E sorrio-te...

      Bjuzzzzz :)

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