quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dilema da conformidade... Um título, um filme...Viver!


Sem palavras... Há cerca de década e meia, levei a cabo (coadjuvada por colegas) um projecto teatral: alunos de várias turmas de 5.º e 6. º anos, participaram no "Printemps Théâtral", em La Roche-sur-yon (este projecto decorria durante quase três meses, com alunos de várias idades e escolas, incluindo estrangeiras - não sei se actualmente ainda o realizam, fiz uma breve pesquisa, mas não me alonguei por falta de tempo). Foi um marco na minha carreira (ainda hoje conservo todo o dossiê contendo a preparação reportagem fotográfica, avaliação, etc. Levámos duas peças de teatro, uma em francês, outra em Português (sendo esta última adaptada por mim, para caber no tempo concedido), cenários, presentes e a loucura de participar num festival de teatro, que incluía, de manhã, ateliês (hoje dir-se-ia workshop) só com professores  ou alunos, misturando-se os nossos com os franceses, obrigando-os a comunicar em francês. Estaria horas para contar esta experiência. Quando a abordo, fico sempre arrepiada. Havia uma aluna que conseguira decorar TODA a peça francesa. Houve que ensaiar em salas (muitas horas não remuneradas...) e num anfiteatro local, perto da escola, aos sábados. Para tal também foi preciso ir às aldeias trazer e levar os meninos...Tanta coisa e tudo tão único!
Mas, a que vem tudo isto e o vídeo? Simplesmente isto: os alunos não se conseguiam desinibir, liam, não representavam! Eu e alguns colegas, íamos ensaiando alternadamente: quando estava com os da peça francesa, outro/a estava com os da peça portuguesa. Ora, um dia, numa salinha, lembro-me do seguinte: fechem os estores, os olhos, andem como quiserem, digam o que vos apetecer, façam os gestos de que se lembrarem, não se importem com os encontrões, nem com os risinhos iniciais. Deitem-se, levantem-se, mexam-se...
Uns dias após, comecei a ver os resultados: os alunos já eram personagens, a vergonha inicial, deu lugar ao desenvolvimento de um projecto comum...
Em França, foram (fomos) elogiados por todo aquele projecto, não se coibindo de nos darem os parabéns pelo "accent" e desempenho linguístico dos nossos alunos, eles que apenas tinham dois anos incompletos de língua francesa...
Ousamos ser diferentes; na escola havia colegas de olhar trocista; os cenários nem sequer foram feitos por colegas da escola...Enfim, ser diferente, neste caso, só proporcionou um enorme desenvolvimento pessoal, para todos os intervenientes. Sei que os alunos ainda hoje têm esta vivência bem marcada! (Sorrio, oxalá alguns leiam este post, quem sabe!).

(Este post surgiu na sequência do vídeo que vi no blogue de uma amiga muito querida...)

5 comentários:

  1. Gostei.

    Foi a minha leitura de verão (sim, sim, eu leio pouco)...

    ;)

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  2. :))
    Nunca pedi aos meus alunos para fazerem um exercício assim, mas quantas vezes lhes peço para fecharem os olhos.:))

    jinhos mil, princesa!

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  3. Sim, oops!!!, é um relato leve, tal como muita gente com as leituras de Verão (sei que não estás neste rol)! :)

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  4. Nina, aqui havia um objectivo bem definido, a libertação corporal para que a expressividade pudesse incorporar a personagem que iriam desempenhar. Ser um/ outro/a, exige que, primeiro, não sintamos vergonha de sermos nós próprios! Sabes bem quão importantes são as "jeux de rôles" nas línguas!
    Bjos, tendresse :)

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  5. Eu percebi, linda!:))
    Foi uma excelente ideia:))

    Bisous:)

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