Assim decidi, há cerca de 9 meses. Preencher um formulário a solicitar a aposentação antecipada. Podia fazê-lo e decidi de sopetão. Tomei uma decisão económico-financeira, como dizia aos colegas em tom de brincadeira. Fui-me preparando para iniciar um novo ciclo. Deixo-vos com o escrito que enderecei à escola, via e-mail, para que chegasse a quem comigo privou. Partilho-o também com todos vós que aqui me visitais...
Para vós….
Permitam-me que vos roube uns minutos
ao vosso precioso tempo. Deixai-me fazer presença, através deste simples
registo. Dai-me licença para entrar nas janelas que continuareis a abrir às
crianças e jovens…
Terminou hoje, 30 de setembro (data em
que recebi a carta de “recruta” para outra fase), um ciclo da minha vida. A de
estar em efetividade de funções docentes. Não a de ser professora/formadora.
Esse cariz acompanhar-me-á até que os olhos cansados (sei lá do quê) se
fecharão…
Não estou triste. E, na verdade, acho
que já não estaria na escola como o estava antes de, progressivamente, ser
tomada de indignação por tantas medidas avulsas, sem rumo, cegas,
desprestigiantes, que têm vindo a ser implementadas. Continuo atenta, não deixo
de estar a par do que se passa na Educação e sinto-me quase culpada por estar
libertada (mas penalizada) de imposições que me poriam doente.
Solidarizo-me com todos vós que
continuais na escola (seja ela qual for), frequentemente penosamente mas com a
vontade de contribuírdes para o desenvolvimento pessoal e educacional das
jovens pessoas que serão futuro deste cantinho (ou farão parte de um outro) que
ainda nos faz sorrir com os sucessos de que vamos tendo conhecimento.
Sinto-me grata por ter privado com
tanta gente deste território educativo (ou de outros, ocasionalmente),
partilhando ideias, desabafando arrufos, defendendo medidas adequadas,
ripostando assertivamente perante passividades, elevando a voz quando entendia
que se podia fazer de outro modo, com mais eficácia e menos burocracia.
Não peço desculpa por nada. O meu modo
de ser e de estar foi sempre pautado por uma ética profissional incrustada no
meu genoma humano e pelas circunstâncias do(s) momentos(s). Saudade, sim,
terei. Mas aquela que me evoca momentos de um encantamento perante seres
humanos de olhar brilhante pela curiosidade despertada, pelo convívio são e
pelas gargalhadas de partilhas educacionais, pessoais ou circunstanciais.
Obrigada, amigos, amigas, colegas, abrangendo
todos e todas que comigo privaram, (independentemente da função que exerciam),
pela vida profissional que me proporcionaram. De mim tereis sempre a atenção e
o respeito que (me) mereceis…
Desejo que procureis a serenidade
interior de que precisais para que a aura da vossa alma seja um fator de
apaziguamento nos momentos imprevistos e, quiçá, perturbadores, em tantos
momentos do vosso caminho enquanto seres do ensino e da aprendizagem.
Acredito-me, ainda. Acredito que
sejais capazes de trabalhar para um novo paradigma educacional, privilegiando
valores ancestrais. Estarei sempre convosco! Abraço-vos…
Odete Ferreira, 30-09-2013
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