quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Clarice diz...Eu acrescento...


Lília colheu uma flor

´Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma.´

´Sou uma filha da natureza:


quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo,
de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser.
E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo.´

(A Lília Tavares divulga no seu mural e eu, zás, peço licença e roubo, descaradamente, o que disse Clarice. Se alguém diz melhor que eu, não há razão para eu dizer idêntico - prurido intelectual, outros diriam honestidade intelectual. Desenvolvo apenas esta ideia: sou um ser, como outros seres, e, como tal, respeito-os; serei egoísta ao querer que também me respeitem? Não creio... Serei imoral por não desistir de mim mesma? Também não creio... Contudo não se desiste ou desiste, sozinho...
Lembrei-me de Daniel Sampaio, "Ninguém morre sozinho",  obra relacionada com o suicídio nos adolescentes. Seria, portanto, mesmo de importância capital que qualquer um se lembrasse que os seus actos, ainda que individuais,  provocam efeitos, digamos, colaterais. Umas vezes positivos, outras negativos. Como saber? Não há um manual de procedimentos para as coisas dos seres, mas encontro no diálogo, a melhor forma de saber que tipo de efeitos provocam as minhas acções quotidianas. Por isso pergunto, questiono, incessantemente, quase obsessivamente, mas quero assegurar-me que o outro ficou mais apaziguado. Não se trata de dizer "tenho a minha consciência tranquila, fiz o que pude"; trata-se de , precisamente, de não nos sossegarmos com este tipo de raciocínio e, sobretudo nunca o dizer. Há sempre um degrau à nossa espera...)

4 comentários:

  1. O que mais gostei nesta fantástica dissertação sobre a vida, foi a última frase.
    Acredita,querida, que há mesmo esse degrau de que falas...
    bji mt gde, meu doce.

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  2. A criança diz o que faz, o velho diz o que fez e o idiota diz o que vai fazer. (Barão de Itararé)

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  3. Se há! Para nós, mas sobretudo para quem espera ainda mais um passo da nossa parte!
    Esta "dissertação", como já é característica minha, tem vários protagonistas (incluindo-me), que se vão encaixando, havendo, contudo um fio condutor. Não foi por isso, mas também, que escrevi: alguém acabou por desaparecer nas águas, não tarda fará um ano. Tenho agora um familiar muito próximo comigo, em acompanhamento... Alguma dor fez-se presente...

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  4. Regressaste oops!!! De certeza de umas merecidas férias desse teu eu, virtualmente heterónimo...
    Prefiro o 1.º caso mas há sempre um lado idiota em nós, numa circunstância qualquer...E-RR-a-RRRR
    é próprio de quem crê!!!

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