sexta-feira, 11 de março de 2011

Mirandela



Sentada nas margens, ou debruçada sobre o Rio Tua,
Um tesouro de recordações, que constante vai correndo...
Oh Mirandela!... fecho os olhos e clara te estou vendo,
Ao Sol radiante, mais terna e fresca à luz da Lua!...

Soberba a Ponte dos arcos, passando sobre a corrente!...
Palácio dos Távoras, do Tempo portentoso relicário!!...
Mirandela, majestade, Princesa da Terra Quente,
Que a Senhora do Amparo abençoa em magnífico Santuário!...

Espaços floridos e ajardinados!... Nobre Gente e Cidade!...
Comboio a vapor que por ali passou deixou Saudade,
E marcou o Tempo, subindo penosamente o rio...

Com Almas que sangraram, carpindo talvez mágoas!...
Olhos que chorando, do Rio Tua engrossando as águas,
Com lágrimas, de saudade imensa, correndo a fio!...


Aos meus Avós, Teresa e João

José Agostinho Fins
01/Agosto/2005   //   19:37

Nota: havia já algum tempo que pedira ao José o soneto sobre Mirandela. O tempo foi passando... Por mero acaso, vi um poema dele dedicado à criança que faleceu nas águas do nosso rio...Comentei-o - também escrevera um, mas não  o publicitei - foi a deixa para que ele enviasse por e- mail o poema solicitado ao tempo. Apenas pediu que mantivesse a dedicatória...Nem seria preciso  José! Os avós merecem tudo. Obrigada :)

9 comentários:

  1. Merecem um fantástico soneto e muito mais.
    Obrigada pela partilha, querida.
    Esconde-se um grande senhor, atrás deste poeta.:)
    bji gde

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  2. Feliz Mirandela que tais filhos tem.
    Soneto muito bonito e com uma dedicatória cheia de ternura.
    Obrigado Odete por me teres dado conhecer Jose Agostinho Fins e peço-te que lhe endereces os meus cumprimentos sinceros.
    Beijinhos
    Ricardo

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  3. Este poema, só por si, dava um livro...

    (A minha vénia para este meu comentário, que me perdoem os restantes...)

    ;)

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  4. Verdade, Nina...Continuo a lamentar não poder ler mais belezas destas...É de facto, uma das pessoas com o tal P maiúsculo...
    Bjuzzz, linda :)

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  5. Obg, Ricardo, em nome de todos os filhos desta terra...
    Já colei no seu mural a ligação para o blogue, daí que o teu e os outros comentários, saber-lhe-ão muito bem...
    Bjinho :)

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  6. Sim, dava, oops!!! Cidade jardim mas, muito mais que isso, as gentes valorosas que deixaram a sua marca e fizeram história, através da história das suas vidas. De luta de sobrevivência mas,essencialmente, de luta de ideais...Agora, estes sinais são menos visíveis... Para bom entendedor, meia palavra basta! :)

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Não é fácil ler estes comentários, tão generosos e amáveis, sem que uma ponta e emoção nos invada a alma!.. Creio que a única palavra que me ocorre é um OBRIGADO!!.. um obrigado amigo e sentido!!!...
    Habituei-me, desde que me conheço, a ouvir dizer “Mirandela”!!.. nem sabia, tão pouco, onde e como era!!.. os meus avós e toda a família paterna eram do concelho, (Vale de Telhas!!..)… E que fantásticas recordações eu guardo desses tempos!!... Lá estava, por exemplo, o “Palácio dos Távoras”, de que a minha avó falava com sapiência!!... eu interrogava-me, então, e pensava: “quem seriam os Távoras!!??...”. mais tarde fui para a Escola e os saudosos professores ensinaram-me…
    Este soneto é, certamente, o resultado de tudo isso e mais uma pitada de emoção!!...
    Bem hajam!!...
    JAFins

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  9. Em boa hora o JFins, decidiu enviar...Todos ficamos de alma cheia: uns por uma razão, outros por outra...Decididamente, só se é Pessoa quando o que nos é mais importante é a dádiva, em particular, a Palavra e a mestria com que muit@s poetas a usam...

    Há palavras que nos beijam

    Há palavras que nos beijam
    Como se tivessem boca.
    Palavras de amor, de esperança,
    De imenso amor, de esperança louca.

    Palavras nuas que beijas
    Quando a noite perde o rosto;
    Palavras que se recusam
    Aos muros do teu desgosto.

    De repente coloridas
    Entre palavras sem cor,
    Esperadas inesperadas
    Como a poesia ou o amor.

    (O nome de quem se ama
    Letra a letra revelado
    No mármore distraído
    No papel abandonado)

    Palavras que nos transportam
    Aonde a noite é mais forte,
    Ao silêncio dos amantes
    Abraçados contra a morte.

    Alexandre O’Neill, No Reino da Dinamarca

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