O poema saiu à rua,
fantasiado de palavras.
Não precisava de máscara,
as pessoas riam às gargalhadas.
Olha p´ra aquilo!
Um entrudo intelectual!
Era o que nos faltava,
fazer pensar, no Carnaval!
Sai daqui! Queremos folia!
Já não basta a crise dorida!
Hoje, queremos alegria,
ainda que seja fingida!
O poema envergonhado,
cabeça baixa e cabisbaixo,
não aceitava ser maltratado!
Afunilou então o queixo,
e sem medo, vociferou palavras
inscritas, na sua máscara, seu peito.
O som ensurdecedor,
de carros alegóricos
e poluição multicolor
avariou, ficou sem pio.
Os mirones, atónitos
em transe, dançavam
outras pautas – criativas -
de notas desconhecidas.
Outra alegria foi crescendo…
Não estavam habituados
a poemas descarados…
Que fossem assim mexendo
com o ritual sempre igual,
que viviam, no Carnaval.
As fitas lançadas,
por foliões e peões,
depressa foram apanhadas.
E nelas gravadas
…Palavras!
O pessoal do lixo
recusou-se a reciclar
..Tal riqueza!
Apanhou-as com desvelo
decidiram enfeitar…
As crianças surpreendidas,
retiraram, sem medo,
pedaços de fita com palavras.
E delas fizeram poemas!
O poema mascarado
foi rei, durante o ano.
Com agenda preenchida
de tanta visita pedida,
ensaiava passos de dança!
E em cidades jardins,
plantou sementes, de mudança!
OF 08-03-2011
(Um poema que saiu de um desafio, só porque não havia por cá desfiles de Carnaval...)
Abençoado desafio!
ResponderEliminarO que eu adorei este poema mascarado!
A personificação perfeita de um eu que todos somos, aqui ou ali.
bji, minha querida.
A metáfora entranha-se nos teus versos...e em mim, por os poder ler.:)
Mereceste esta minha boa recessão... ah! porra... receção, queria eu dizer. Uma boa receção!
ResponderEliminar(esta da receção em vez de recepção mata-me)
;)
Obg, doce Nina...A grande metáfora é o mistério da existência humana!!! Mas é sempre agradável ler o que me dizes!
ResponderEliminarDesvendo um pouco o mistério: brincando com festas de Carnaval em bares, às quais não me apetecia ir, em conversa com uma amiga da poesia, disse algo do género "Talvez fantasie um poema...). Dito e feito: iniciei o poema, terminando-o no final da manhã de hoje, imaginas onde...
Bjuzzz :) :)
oops!!, estou deveras desapontada: brincaste com palavras e com o (des)acordo ortográfico e eu ficou sem saber da qualidade da receção/recepção ao poema :(
ResponderEliminar(não ligues, brincadeirinha de Carnaval) :)
E fantasiaste-o tão bem, meu doce!;)
ResponderEliminarbji, querida.
Rectifico, oops!!!: e eu fiquei (2.ª linha)
ResponderEliminarUm sonho, num poema, lindo, que eu tanto apreciei ler, pela sua magnífica concepção.
ResponderEliminar:-)
Uma fantasia fantástica...
ResponderEliminarParabéns Odete.
Beijinho terno
Ricardo
Querida amiga, diverti-me imenso ao ler o teu poema.
ResponderEliminarGosto do teu sentido de humor, que habilmente sabes transferir para as palavras.
Beijos, querida amiga EU...
Pois eu gostava de viver num sitio donde nao houvessem..carroças e desfiles de carnaval..menos mal que sao poucos dias..embora o pessoal sempre tenha vontade de folia...Mas como Nilson achei muito bem e gostei do teu humor..também já deixei nas "palavras soltas" minha opiniao,nao era caso de repetir,né??Sabes que amo ler tudo o que escreves..é só para deixar meu abraço carinhoso!!
ResponderEliminarAlbano, tenho de descer à terra...Tantos mimos, ainda me convenço que vou ganhar um "Nobel" :)
ResponderEliminar(Não ligue, foi apenas um momento de humor...)
A concepção vai-se construindo, conforme as vivências... Obg, amigo :)
Ricardo, fantasia fantástica, disseste bem, com a crise esquecemo-nos que o espírito também precisa de orçamento. Como é comum dizer-se que o espírito não precisa de se alimentar, olha ficámo-nos pela fantasia!!!! :)
ResponderEliminarObg, amigo, bjinho :)
Nilson, obg por me transmitires esse sentir: anda tudo tão sisudo, que também eu preciso de introduzir, por vezes, um toque de humor.
ResponderEliminarJá o nosso Gil Vicente dizia "Ridendo castigat mores" (Nina, se errei algo, não te acanhes em corrigir, é 1 apelo...).
Bjo, amigo :)
Os teus comentários são sempre uma delícia, Inês! E a tua paciência em escreveres o que sentes, é de uma enorme dádiva!
ResponderEliminarGrata, amiga..Bjos :)