Há pessoas que possuem, naturalmente, uma resposta assertiva para questões/desabafos de outrem. Respostas, observações profundas que têm o condão de nos surpreender pela incomensurável “sabedoria” que nelas está inerente.
Não são pessoas fruto de acasos; são-no porque se elevaram no sentido em que procuraram patamares de interioridade quase espirituais, alimentando-se a si próprias, buscando o seu apaziguamento.
São especiais, a meu ver.
Como prioridade buscam uma perfeição interior e as suas leituras não são certamente as que relatam biografias de trazer por casa, como aquelas que se vendem bem, de pseudo estrelas ou pseudo figuras públicas, às quais a comunicação social alimenta o ego..
No início foram e sê-lo-ão sempre, pessoas inquietas mas que interiorizaram que tudo tem solução.
Costumo dizer, em situação mais de índole profissional, que só não há solução para a morte. Mas este é um patamar que eu ligo a um género de procedimentos de atuação. Apesar de lutar para a solução, é algo que será visto no exterior de mim. No meu interior, o campo dito pessoal, ainda não tenho enraizada esta convicção.
Talvez tenha chegado a hora de me dedicar a leituras de aperfeiçoamento. A hora de aprender a ser extremamente seletiva no tempo, a ser eclética na doação imaterial, a partilhar a minha alma com quem me entenda, me respeite e, sobretudo, “me goste”.
E isto, creiam, em nada mingua o esqueleto da essência do meu ser. Nada tem a ver com o significado de egoísmo ou desprendimento pelo ser humano.
É algo para o qual, neste momento, não encontro a palavra perfeita!
Mas também não o sou, por isso não quero ter a veleidade de a descobrir!
Susana Mauricio disse num comentário num grupo poético, autorizada a postar no blogue).
ResponderEliminar" Gostei mesmo Odete! Eu sou uma das pessoas que tenho procurado elevar os meus patamares espirituais. Li, li muito e pesquisei, informei-me sobre religiões, crenças etc. Sou uma independente lol Foi essencialmente através do percurso de vida, e com aquele que sai fundo da minha essência, que fui ultrapassando muito. Não existe forma de explicar como e porquê, não se necessita ver para acreditar. Sente-se somente. Um exemplo: em 2003, passei pelo verão mais quente da minha vida. Tenho Lupus Sistémico, estava em plena crise e acrescido de me ter sido confirmado o diagnóstico de cancro no útero. Em simultâneo, o processo de divórcio litigioso. Por questões várias e a conselho do médicos, saí de casa com uma declaração que era para o meu tratamento. Os meus filhos estavam de férias com uma irmã e sobrinhas pelo que estava "descansada". Sem trabalho, vi-me com estas situações e também sem casa e sem um cêntimo na carteira. Estava a viver perto da minha residência de casada, com uma sobrinha e marido. Vivia literalmente de caridade, era como eu entendia e doía. Doía tantooooo! Após uns dias, a sós comigo própria, meditando em tudo, senti o quão egoísta e orgulhosa estava a ser ao sentir-me a viver de caridade. Pelo contrário, passei a sentir que tinha de agradecer. Agradecer pois fui acolhida, com tanto Amor, incondicionalmente. Em Setembro, logo no início fui internada para a cirurgia. Só tive alta no final do mês, pois havia que controlar o Lúpus antes de o poderem fazer. Com isto e pelo início do ano lectivo, os meus filhos tiveram de regressar à casa de família. Se neste quase 1 mês de internamento chorei? Sim chorei! Mas também sorri, mesmo que com tristeza e consegui dar força às outras doentes oncológicas. Porquê? Porque eu sentia no mais profundo da minha essência que ia dar a volta por cima. Que ia vencer o cancro. Que arranjaria forma de ter o meu cantinho para o tribunal me dar a tutela dos filhos, e que os poderia sustentar. O mais difícil? Foi estar 10 meses sem eles. receber telefonemas deles tarde na noite... a pedirem para os ir buscar. Não o podia fazer legalmente. Cheguei a pensar em desistir de todo o processo de divórcio.Quem me deu força para seguir em frente? Os meus próprios filhos. Dez longos meses... uma eternidade! Mas dei a volta por cima. Fiquei com os meus filhos, ultrapassei o cancro (e já se passaram os 5 anos)... Esse ter a palavra certa, o ser um porto de abrigo que acaba por atrair as pessoas, pessoalmente acredito que todos temos dentro de nós. Tal como se tivéssemos um fósforo cá dentro, e só é necessário acender... Ena... o quanto já escrevi. Sou um ser humano que erra, como qualquer outro e de que maneira lol Tente ouvir e abrir o seu interior e verá que está lá tudo. As almas afins, mesmo sem uma palavra identificam-se e não me estou a referir em termos amorosos Homem/Mulher. Podemos e devemos dizer a uma amiga/o Amo-te, pois tantas são as formas de Amar... fundamentalmente três: Ágape (Amor divino, incondicional o mais dificil de atingir), Eros (amor onde aparece o desejo) e Phillos (existem outras formas de escrever, mas é o Amor Amizade que também pode e é bom que seja partilhado por um casal juntamente com o Eros). Vou colocar um fecho e parar lol desculpem o lençol. Adorei mesmo! Feliz Natal, Bjinhos, Susana"
Respondi assim:
ResponderEliminarSusana Mauricio: aqui já começa a ser tarde; contudo não poderia ir dormir sem deixar um BJO pelo texto mais sentido que já li em relação a um singelo escrito meu. Tomarei a liberdade de me alongar, daqui a umas horas, em mensagem privada. Subi mais um patamar!!! Muito obrigada! :)
Comovida..por o ínfima que se pode sentir alguém com sentido comum com tal luta..a tua espiritual e creio que os teus patamares, sao, tenho a certeza altos...mas também à resposta da amiga Susana,valente ,cheio de coragem de abrir a alma tao singelamente numa folha em branco..aberta a quem tome por bem qualquer luta como a que levou..nao só a doença é fisica...o desconsolo e ausencia dos seres mais queridos se transforma em "doença"..Paliativo; o amor que se poe a diário nos afazeres mais nimios da vida..Entregar o que se tem sem pedir contas..Tenho um banco..rssr no jardim onde a vida renasce cada dia,donde se é mais rico que qualquer outro banco (Bancário)...Aí se contam as infinitas torturas da solidao mas também as mais brilhantes ousadias do viver e a invençao que teem seres como vós, a bem dos que os rodeiam..bem -hajam..beijinhos!!
ResponderEliminarQuerida Inês: os meus textos em prosa são essencialmente de reflexão, de interioridade (não descurando os que são apenas fantasia criativa, baseados ou não em respingos concretos). Este é uma espécie de última paragem num caminho que quis percorrer. Quando o divulguei, aconteceram coisas giras como este comentário da Susana, num grupo poético. Trocámos alguns mensagens privadas, fiquei a saber mais da sua vida sofrida. Já publicou poesia, salvo erro, mas agora vai publicar um livro sobre a bipolaridade. Apesar de me enviar o convite, não poderei estar por ser em Lisboa. Faz parte do meu círculo de amigos no FB.
ResponderEliminarQue dizer mais? Acontecem-me coisas tão giras com a escrita que poderei sentir-me abençoada!Tu também fazes parte destas "coisas giras" :)
BJOS!!!