sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

“Todos os dias penso em ti”

Em breve, num cinema perto de si...

Barrou-lhe o caminho. Literalmente. A tal ponto que pôde assistir ao cair das parcas folhas, sentir os respingos de gotas de chuva no seu rosto, visivelmente irritado da discussão havida numa daquelas reuniões em que há muita parra e pouca uva.
Apeteceu-lhe interpelar a figura com um forte impropério, carregado daquela semântica que alivia a tensão do ser por inteiro. Foi a tempo e a um tempo que ficara adormecido por falta do beijo do príncipe que quebrasse o feitiço da bruxa má. Afinal a vida em plena metáfora dos contos de fadas…
O olhar e o sorriso, em peso idênticos, acordou-a. Menos nítido, mais mortiço. Mais apertado entre as pregas laterais dos lábios, o sorriso. Mas iluminado, como sempre o fora. Perco-me no teu sorriso, podia bem ser um verso de um poema. O poema que ficara incompleto, não por falta de inspiração mas por convenção ou conveniência. Nunca o percebera na sua plenitude. Cansou-se. Cansou-a de respostas vãs. Ausência. Demência de parte da sua alma. Não podia consentir que a levasse por inteiro. Precisava dela, para si, para os outros que dela dependiam.
Pelo mexer dos lábios percebeu que lhe dizia algo mas não conseguia ouvir. Sentia-se afogada no mar das reminiscências e o corpo não respondia, entorpecia. Um beijo mais demorado na face, agitou-a. “Que disseste?”, conseguiu balbuciar. “Percebi que não me estavas a ouvir. Desculpa o atrevimento. Continuas linda! E sabes, todos os dias penso em ti. Amo-me, amando-te, assim. Fica bem”.
Seguiu e ela por ali se quedou. Quanto tempo? Não soube…

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