sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Outra vida

Venha, disse ele.
Agarrando uma mão
escorregadia
da dança que fervia
num corpo suado.
Decerto alegria,
ou talvez nostalgia
de um passado,
ainda recente.

Segue-o,
deixando arrastar-se
para uma qualquer esquina.
Maquinalmente,
apenas por magia.
Não ouvindo, não vendo
sequer se o queria.
Fecha a mente,
a tudo o que fosse consciente.

As palavras, em sussurro,
Hipnotizam o consciente.
Acordam o ser dormente,
alienado,
em trabalho forçado.

Sente,
a brisa que sopra quente.
O calor de sentimentos,
adormecidos.
Despertando do torpor
de uma vida de favor,
Emprestada a outros,
ignorada de si mesma.

Aquieta-se,
por momentos.
Reage,
Instintivamente.

Perde-se
de si, loucamente.
Confunde-se...
Aconteceu?Sonhou?
Não, viveu outra vida!
Acreditou ser a sua,
e incorporou-a no seu eu!
OF  06-09-2010

14 comentários:

  1. Meu doce,
    aqui está um poema que mostra outra característica tua: a da mulher apaixonada...a da mulher vulcão.
    ADOREI! (e mais não digo...aqui:))

    bji mt gde

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  2. Obg, querida, por teres gostado tanto!
    Não te esqueças quem verseja é o sujeito poético... :)

    Bjuzzz, linda

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  3. Metadesomente Livrodepoesia disse, a propósito deste poema, que também publiquei no grupo Confraria de poetas

    "O envolvimento sem freio abre portas para outros universos. Às vezes, parecem mesmo outras vidas...Felicito-a por esta confirmação tão poeticamente realizada. Agradeço a oportunidade de a ter "incorporado" nas minhas leituras!"

    Apetecia-me dizer tanta coisa, mas seria sempre pouco...

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  4. Cada vez dou mais razão à Marguerite Duras que dizia que escrevia para não se suicidar.

    O que vai valendo é que a tristeza é o meu estado de calma...

    ;)

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  5. O Manuel Silva disse, no Almas Manuscritas, outro dos grupos onde publico escreveu, sobre este poema:

    "o dicionario já ñ encontro adjectivos para definir o encanto destes versos"

    faço uso destas palavras par te responder, oops!!!: não iria tão longe, mas metaforicamente, há vários suicídios...

    Sobre a última "tirada": o normal seria dizeres alma, mas como sei que tens um nonsense apurado, escreveste calma...Também o é, porquanto nos toma a apatia...(mas não há verdadeiramente sinónimos, por isso, não ligues ao que escrevi...) :)

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  6. É.

    Uso sempre as mesmas palavras.

    Sinto-me usado...

    ;)

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  7. Bastante profundo teu texto! Parabéns! Abraços!

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  8. Reiffer: obg pela tua apreciação, sinto-me grata. Abração...:)

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  9. Sei, sei...mas inventou uma mulher que existe.:)
    bji gde

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  10. Como te disse às vezes as palavras ,nem sequer teem o atisbo do sentimento do peito...
    Aqui caminho por letras de luz e gosto!!
    Vir até cá na manha de domingo antes dos meus afazeres..deu-me o empurrao para sair ao mundo..que tao maltratado está,donde a magia vai morrendo por inércia..
    Que bom é saber que existe mais claridades escondidas a descubrir!!beijo*te

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  11. :):)
    Toma mas é um beijinho, minha doce poetisa:)

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  12. Bem, Inês, não vou ser capaz de corresponder ao teu tag com o brilhantismo que mereces. Se, por natureza, sou exigente comigo e com a escrita, agora "sinto" que não posso escrever só porque me apetece; além do apetecer, tenho que me lembrar que haverá sempre alguém que reflectirá no que leu, concordando ou discordando, mas sempre "abanando" algo que, será, necessariamente contrário à inércia, sendo que escrever ou ler, obriga a uma actividade mental, por consequência ausência de inércia...
    Sinto-me grata por te ter também descoberto nos tags a poemas... Bjuz :)

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