O que hoje me toca…
O que hoje me toca,
no fazer poesia…
Jovens que sofrem de
alguma anomalia,
vistos como crianças…
Sua mudança,
é diferente,
dos demais,
ditos normais…
O que hoje me toca
e que observei…
Alguém sereno
dentro do seu mundo, pensei.
Quis ter alguma técnica
na sua mente penetrar...
Ser capaz de pronunciar
a palavra certeira
fazendo-o sentir
ser um, meu igual.
A música que ouvia
acentuou, decerto,
a sensação que me invadia!
Impotência...
Incapacidade de mudar
destinos
sofridos
perdidos,
na indiferença do dia-a-dia.
Uma vaga culpa
de ter algo
que queria partilhar.
Saber que não ia chegar
ao seu eu...
A sua fantasia
não é a minha...
Do seu profundo
mundo
ficarei amputada.
Afinal quem perdeu?
Ele ou eu?
Salvarei...
Os sorrisos
que depositarei
em faces angélicas.
Reterei...
Momentos
que não esquecerei...
OF 08-01-2011
(Não sei até que ponto devia haver dias de ou semanas de...Contudo, aceito estes rituais; são precisas muitas vozes para que alguma se faça ouvir, na temática em apreço...Já aqui postei um vídeo alusivo...)
A metáfora da vida bem presente nestes sorrisos e dores.
ResponderEliminarTristeza é o que me salta à vista...e esperança, apesar dela.
Sem mais palavras.
bji, minha querida
Há uns tempos atrás uma prima, nossa colega de Matemática, contou-me que havia na sua escola (secundária) um adolescente com imensas deficiências.
ResponderEliminarA opinião pública muito falava, na altura, da legalização do aborto, sendo o tema debatido nas escolas.
O que ele disse impressionou-a e fez-me chorar, qd mo contou:
" Se a minha mãe tivesse abortado eu não estaria aqui e eu gosto tanto de viver!"
;)
bji, querida
Adorei teres contado esse episódio e pouco mais direi senão teria muitas histórias desse género para contar, sobretudo do tempo em que estive na direcção da escola...
ResponderEliminarTudo o que pudesse dizer está contido nestes versos:
Do seu profundo
mundo
ficarei amputada.
Afinal quem perdeu?
Ele ou eu?
(Não escrevi o poema no momento em que observei este "ele", mas desenhei-o nos meus sentidos e, à tarde, tomando um café, escrevi-o - é alguém muito próximo...)
Bjosss, tb pela tua sensibilidade
Essa diferença que penso é mais nossa que "eles"...nas palavras,no sentir mas mais nos olhares..como doi,quando te miram com dó!!
ResponderEliminarLi voltei a ler e aqui estou relendo e sempre fico com um nó...
Um abraço grande Odete
Inês: de facto os olhares de dó doem mais que mil palavras...
ResponderEliminarObg, amiga, apercebo-me de quanto te tocou este poema, quer pelos tag no blogue, quer pelos que fizeste no grupo poético!
Sabes o que admiro ainda mais? As pessoas que adoptam crianças "feridas" pelo destino...Uma vez li 1 texto em francês em que empregavam a palavra "blessées"...Nunca mais esqueci. Continuo a pensar que é a mais adequada. Bjs