domingo, 18 de dezembro de 2011

Receio o sorriso da indiferença

Vi-te sentado num sorriso
trocista
como em palácio
desencantado
que ri de si e para si
num olhar alheio
ao tempo em que te parti
ao meio.

Tentei fixar a argúcia
da minha vista.
Descortinar nessa postura
algo mais da pessoa
que pressinto avassaladora
quando em ondas de emoção
abraça intensa paixão.

Inquieto-me…
Receio a insensibilidade,
o desprendimento
de afetos.
Um crescendo
de adeptos
a eleição da indiferença.
A futilidade do momento.
A ineficácia do tempo.

Um tempo outonal
apetecido ou odiado
(ainda que variado
de cores matizado
e cheiros olfatado)
marcando um final
de um ciclo vivencional.
De nós , da natureza
que em cândida pureza
estremeceu
ao cair da primeira folha
que alguém levou
e no livro da vida guardou.

OF 25-09-11
 http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/receio-o-sorriso-da-indiferen%C3%A7a#comment-156644

4 comentários:

  1. Gostei tanto deste poema...
    A tua poesia é magnífica, sou teu fã...
    Querida amiga Odete, tem uma boa semana.
    Desejo-te um Feliz Natal e um ano de 2012 cheio de coisas boas, extensível aos que te são mais queridos.
    Beijo.

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  2. Amigo Nilson: obg pela tua visita e, sobretudo, por teres gostado do poema...
    Claro que ainda me sinto mais grata por usares o termo magnífica, relativamente à minha poesia. É preciso que, por vezes, alguém o diga para eu própria amar mais o que gosto de expressar.
    Bom, desejo escrever algo para esta quadra (aliás já tinha uma poesia alusiva à quadra, mas pediram-me para concorrer a uma coisita...). Se não puderes aqui voltar, também desejo o melhor para ti e entes queridos.
    Bjo :)

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  3. hum agora me apena nao ter vindo antes...Ultimamente me senti (violada) na essencia..sabes quando alguém te parte ao meio??¿¿Se tivesse lido o teu poema o balsamo teria sido perfeito nesse momento ..agora também mas já desde outra perspectiva...Quem sou eu para pensar que alguém me tem que entender com um olhar..ou que todo mundo se deve comportar na mesma medida e circuntancias..A penitencia passou e a mao acalmou no peito a desídia e tirei fora a vaidade e agi a bem,ainda sentido-me nessa fase Outonal..O amor tem de ser corrente de duplo sentido ,igual a compreensao,seja o amor que for..Apetecido,sim..E grata por sempre encontrar um algo que entra e percorre cada fibra do meu entendimento..Abraço cálido minha linda EU

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  4. Bem, também a minha resposta já é de certeza atemporal. Este poema, como quase todos, saiu das entranhas, como uma purga. Iniciou, talvez, um processo que quis encetar: o de uma elevação interior e a vontade de perceber e aceitar o que a vida me dá. Dato os poemas porque me é importante marcar os momentos. Depois vou escolhendo o que divulgo. É raro publicar no momento em que escrevo, a não ser em datas específicas.
    Coisas curiosas, Inês, achares neste uma espécie de bálsamo...
    Bjo, carinho! :)

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